31/03/2009

O reencontro

Entre a insónia e o despertar há um mundo de palavras respiráveis, à espera para se soltar.
Do passado à insónia, marcas foram sulcadas, rasgadas, aprisionadas. Marcos de pedra e cal, espetados, amarrados.
A insónia do passado traz consigo uma urgência de se reabilitar.
Entre a insónia e o despertar, um sono mal dormido, numa ânsia mordida, calada, dorida… parada, sofrida.

Abriu, por fim, os olhos. Viu-o. Era ele. Afinal… era ele. Era tudo tão estranho.

Olhou-a, como quem não sabe o que quer; como quem não sabe o que faz; como quem não sabe nada de nada. Era tudo tão estranho!

Ele estava ali. Ela estava ali. Frente a frente. Como num sonho, ou num feitiço, em que os dois são outros e não eles. Meses e meses de dor concentrados num momento. Meses e meses de amor prisioneiros de um olhar.
Ambos sentiram, de repente, falta de um mimo. Falta de o receber e de o dar.
José Miguel aproximou-se e tomou-lhe a mão… De olhos nos olhos e de mão na mão, todas as palavras são demais. Todos os gestos revelam as palavras não ditas.
As lágrimas acabaram por se soltar, os soluços por irromper. Ambos deram vazão à emoção que os sufocava. Nenhum dos dois conseguia falar; só o facto de estarem juntos já preenchia todo o vazio que se houvera instalado durante a longa ausência. José Miguel foi impelido a afogar o rosto no pescoço de Luísa e esta a afagar-lhe a cabeça, a apertá-lo de encontro a si. E assim permaneceram por largos minutos, até serem interrompidos. Então olharam-se ainda ébrios do que sentiam.
Como faz falta um mimo!

16 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Menorzinha, confesso a minha dúvida, pois neste texto pareces maiorzinha... (devias ter a idade no perfil... mas eu tb não tenho...).
Gostei muito, soubeste traduzir um momento especial num belíssimo texto.
Boa semana, beijo.

Justine disse...

A arte de bem narrar:))

A.S. disse...

Eis um belo texto!...
Para ler e reler...

Beijos!

Naty disse...

Olá parabens texto muito belo adorei.
bjs naty

poetaeusou . . . disse...

*
um mimo narrada,
em reencontrada narrativa,
bela e esmerada
e por mim relida
,
conchinhas, deixo,
,
*

Jorge P. Guedes disse...

Mais uma bonita e bem cuidada história. Parabéns.
---x---

OLÁ!

Venho informar os amigos e visitantes dos meus blogues que estes terminaram ontem.
Tudo acaba um dia, e esta foi a hora escolhida para pôr um ponto final nesta actividade´que já durava há 3 anos.
Muito obrigado pelas vossas visitas e colaboração.
Irei aparecendo por vossas casas consoante a disponibilidade.

Até um dia destes. Boa sorte e Muita saúde.

UM ABRAÇO
Jorge P.G. - o sineiro

Jorge Freitas Soares disse...

Olá

Um belo texto.... um belo quadro da vida.. mais tarde ou mais cedo, todos ansiamos por um mimo.

Jorge

*Lisa_B* disse...

Querida Fá
Aproveito para lembrar que hoje e o dia mundial da consciencialização do autismo, passe em meu blog please :-)
Beijinhos

Isabel José António disse...

Querida Amiga Fa menor,

Belíssimo texto que faz convergir,aumentando o nível vibracional da emoção, para um clímax dum abraço emocionado e puro.

Muitos parabéns.

Sente este abraço
Pejado de alegria
E tudo o que faço
É sempre uma magia

Abraços

José António

Solange Maia disse...

Adorei seu blog.
Um texto mais maravilhoso que o outro.
Coincidentemente passei por aqui... e fiquei encantada !
Parabéns !

Quando puder visite meu blog também :

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Beijo,

Solange Maia

Laura disse...

Oi...Mimo...por onde andas tu..é uma felicidade ter quem dê mimo, mesmo não estando sozinhas, mesmo tendo um manel que é avaro em dar mimos, ahhh, que delicia ter mimo assim..Um beijinho.laura

Luna disse...

“como faz falta um mimo”
com isto dizes tudo, os seres humanos precisam de afectos
por vezes um dar a mão, um abraço bem forte ,
faz com que possamos restaurar as energias
beijos

Anónimo disse...

Lindo,agradável,convidativo o teu espaço.
Agradeço a visita e prometo voltar aqui.
Beijo.
isa.

Benó disse...

Continuo a gostar de passar por aqui e ler-te lá e aqui.

Obrigada pela simpatia.

Jorge P. Guedes disse...

Hoje, venho desfazer a partida do
1º de Abril que aqui deixei.

Cumprimentos.
JorgeP.G.<

Alberto Oliveira disse...

... este texto deve ter sido escrito com o coração... ao pé da boca. Sente-se isso ao lê-lo.


bjs.

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