À falta de melhor, a casa para os ratitos foi um cesto para papéis. Era de plástico, alto, com quase meio metro de altura, rendado do meio para cima – as janelas. Uma cama improvisada com uma camisola velha a forrar o fundo.
O senhor João transferiu-os para lá, um a um, e eles pareceram ficar perdidos, abandonados, ali estendidos naquele colchão sem odor de mãe.
— Coitadinhos, pai, eu trato deles.
Bia aninhou-os bem encostadinhos, procurando que sentissem o quentinho uns dos outros. Foi buscar um pires para onde verteu um bocadito de leite. Ensopou nele uma bolinha de algodão e encostou-a aos focinhitos dos monstrinhos para eles sorverem.
— Pai, venha ver como eles mamam! – gritou ela esfusiante de contentamento.
E, assim observados, tomaram a primeira refeição na nova casa.
Depois, Bia foi buscar um pano de cozinha e tapou com ele a boca do cesto, amarrando-o bem à volta com um cordel, não fosse aparecer por lá o gato Tonecas e fazer deles o seu almoço.