12/01/2015

Subir O Caminho V


Empreendo a caminhada, como de outras vezes, deixando que o Snoopy corra à minha frente. 

Vou munida de silêncio, entrecortado pelos sons dos meus passos e dos meus pensamentos que, aos poucos, se vão quase quedando orantes, mas sem bem se quedarem. A dezena, entre os dedos, quer cumprir a sua missão e vai rolando de Ave-maria em Ave-maria, mas, às tantas, dou-me por perdida nas contas quando me distraio para fazer uma foto de qualquer coisa que me chamou a atenção. Depois sigo, sem bem saber já os mistérios passados. 

Também, o meu camarada de passeio se distancia da minha visão por eu ter parado um pouco. Sou obrigada a chamá-lo para que não avance, sei lá por onde, e me deixe só. Prendo-o e levo-o agora pela trela, com receio de que me fuja. O malandreco já me pregou assim algumas partidas, e agora tenho de ser mais cuidadosa. 

A tarde é soalheira, mas o ar é gélido; o caminho é de pedras esburacadas, meio enterradas; nuns sítios, carreiro; noutros, em escada. Uma pequenina ponte em laje de pedra sobre uma vala; nalguns lados encontro lama; noutros, erva verde rasteira nunca pisada. 

Subir o caminho, por entre penhascos e alecrins, até à capela, é música para o meu olhar; harmonia para os meus passos.


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