tag:blogger.com,1999:blog-86652551046219222182024-03-18T03:04:16.420+00:00Retalhos e Rabiscos. Um mundo dentro de outro mundoFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.comBlogger149125tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-49668219855987604572024-03-01T14:53:00.001+00:002024-03-17T20:32:27.902+00:00Sombras IO tempo convidava a um mergulho naquela água reluzente. Mas o calor escaldante que se fazia sentir desenhava-se numa capicua de sofrimento.
Caminhando pela beirinha da piscina, puxando pela mão o seu irmãozinho que ainda mal andava, o menino procurava desesperadamente com o olhar. No bolso, a chave de casa - uma mansão antiga, grande demais para dois meninos sozinhos.
O pequenino chorava, ora Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-29088355631264463412024-02-29T15:29:00.000+00:002024-03-17T15:46:02.085+00:00A Casa dos Ratos 8 (anterior)Toda a quadrilha tem um chefe. E eles eram quatro – adiantou-se o vermelhinho: “Eu sou o chefe! Vamos lá, que se faz tarde!” E aí vão o Vermelhinho, o Azulinho, o Verdinho e o Amarelinho numa desfilada apressada em fila pelo carreiro, no desfiladeiro do túnel a desembocar numa fresta, alargada pelo Tonecas de tanto por lá remexer. E uma luz lá ao fundo Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-51654543888049152122024-02-17T15:37:00.002+00:002024-03-04T15:04:28.300+00:00A Casa dos Ratos 7
(anterior)
O Tonecas andava de trombas, como se fosse mau.
Tinha-se fascinado com os rituais de acasalamento do par de andorinhas empoleiradas no estendal do telheiro, mas já estava a ficar farto. Eram cantorias para um lado, cantorias para o outro, pulinhos daqui para ali, dali para aqui, mais um pequeno voo para acolá, e depois mais outro para acolí, só visto! E, então, as melodias Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-89854760524903270702024-01-08T17:59:00.000+00:002024-01-23T13:32:04.943+00:00Espírito de Natal IV(continuação de Espírito de Natal III)
O ambiente em casa era de cortar à faca, disse-lhe. Contou-lhe tudo enquanto as lágrimas lhe escorriam grossas pelo rosto abaixo e até os soluços lhe cortarem as palavras. Queria salvar a sua família. E salvar-se a si de morrer afogada nela e com ela.
Mas uma assistente social não tem receitas milagrosas para solucionar todos os casos que lhe são Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-82097713250041948082023-12-18T11:18:00.000+00:002023-12-29T12:09:07.436+00:00A casa dos ratos — intermezzo (7.1)
(anterior)
Deitou-se ao pé da gaiola dos ratinhos, como quem estivesse à sombra, como se ela fosse um porto de abrigo que o protegesse de raios abrasadores e de outros incómodos tais quais pragas rogadas, assombramentos ou pavores.
Mergulhou numa nostalgia letárgica e assim se deixou estar tempos infindos, sem sequer se lhe ouvir um ronrom. Parecia que o seu mundo tinha parado ali. Estava Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-18866474345801005122023-12-16T13:35:00.000+00:002023-12-21T11:46:53.404+00:00A Casa dos Ratos — intermezzo (6.1)(anterior)Depois de muito matutarem cada um para seu lado, os ratinhos reuniram-se enroscados no ninho e guincharam uns aos outros o que cada um tinha pensado. Era preciso encetar a fuga: consenso, veredicto!Havia de ser bonito! Assim não podiam continuar! Era mais que altura de passar o pé, marchar!Era hora, agora, de orquestrar uma estratégia com pés e cabeça, para que a evasão fosse bem Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-62061927780844177712023-12-04T16:58:00.000+00:002023-12-09T09:19:27.982+00:00A molha
Os pingos grossos de chuva levantaram o cheiro a terra molhada.
A manhã acordara suavemente, com ténues raios de sol a espreitar por entre as nuvens que anunciavam a primeira chuva do Outono. Esperá-la tornou-se em ânsia crescente à medida que ela mais se fazia adivinhar.
E ela, então, espreitou ao longe. Observei-a a começar, para lá do arvoredo, a pintar tudo de branco até chegar aquiFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-3769902269559855932023-12-03T22:54:00.000+00:002023-12-09T09:19:51.532+00:00Mundo insinuado
A cidade cheira a mar. Sim... e ouve-se o mar de encontro à areia...
Acho que me vou cá sentir bem.
- Tens de tirar a roupa. - Desperta-me o homem de bata branca.
Olho-o surpreendida a tentar compreender.
- Tenho de te observar. Pesar, medir...
Hesito e olho à minha volta. Não é nada agradável despir-me aqui. Não é que esteja frio… não é isso. Esta sala, no primeiro andar, até que está quente, Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-77834774956374854832023-10-22T11:26:00.000+01:002023-10-26T15:38:32.504+01:00A Casa dos Ratos 6(anterior)
Os ratinhos cresceram. E começaram
a olhar com maior insistência para o lado de fora. Algumas vezes mordiam as
grades com uma certa esperança de as conseguirem desfazer. Mas os seus
dentinhos não eram tão fortes assim que roessem aquele material, só faziam
barulho naquelas malditas grades. E chiavam uns com os outros, mas eram chiados
finos, quase gritos mudos a que os ouvidos dos Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-57670914207971706642023-10-21T14:58:00.000+01:002023-10-26T15:38:50.829+01:00A Casa dos Ratos 5(anterior)
Elas chegaram, alegres e cheias de graça. Distraiu-se, o gatarrão, dos afazeres a que se tinha apostado. Vigiar os ratinhos cansava, e agora aquela música era-lhe familiar e querida, embora os seus ouvidos, treinados, não a ouvissem há muito. Ali estavam, naquela parte dos seus sonhos, as melodias de que mais gostava – os belos trinados das andorinhas. Tinha-lhes sentido a falta Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-55757419907000158862023-10-18T11:06:00.000+01:002023-10-26T15:39:18.981+01:00A Casa dos Ratos 4(anterior)
Os ratinhos na sua gaiola
Vão brincando e vão sonhando
Que um dia, não sabem quando
Mas um dia, qualquer dia
Hão-de roer e roer
Ou esticar, ou encolher
Mesmo a muito doer
E passar
De dentro para o outro lado
Debaixo dos bigodes do gato
Que os vigia deitado
Dolente e anafado
À espera de os caçar.
Desengane-se o gatarrão
Que não. Bem pode esperar sentado.
Da prisão à liberdade
Há gradesFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-28551214980689959712023-10-17T12:02:00.000+01:002023-10-26T15:39:32.860+01:00A Casa dos Ratos 3
(anterior)
As fitinhas coloridas iriam dar o nome aos ratinhos. Assim que Bia lhas pusesse ao pescoço os ratinhos já não seriam só ratinhos, mas sim: Verdinho, Amarelinho, Vermelhinho e Azulinho. E isso seria assim que mudassem para a gaiola nova que teriam.
Quem quer admirar os belos ratinhos,
Tão lindos e enfeitadinhos,
Com as suas fitinhas de cores?
Será então que o gato Tonecas,
Se vai Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-19236394222590843942023-08-28T10:07:00.000+01:002023-09-12T22:45:06.796+01:00A Casa dos Ratos 2.2(anterior)O gato Tonecas, caçador de pássaros e de sonhos, espreitou, espreitou, mexeu e remexeu no cesto, subiu-lhe para cima, aflito por desencantar de lá a ninhada, até que o tombou.A dona, na cozinha, ouviu e acorreu em socorro dos indefesos.— Malandro! Isso não se faz aos meninos, seu atrevido!— Miau… miau!... – como quem diz “não sou culpado”, ficou ali a observar a dona a compor aquela Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-32814014899168413532023-08-27T17:39:00.000+01:002023-09-12T22:45:54.589+01:00A Casa dos Ratos 2.1(anterior)
O gato Tonecas era um gatarrão feio, de bigodes grandes e fartos. Lembrava o Gato Malhado da Andorinha Sinhá. Saltava de telhado em telhado, deambulava pelos quintais e, quando lá lhe parecia, às vezes passados dias, regressava para casa trepando o muro alto do pátio.
Do alto do seu trono observava o seu reino antes de se dispor a descer. Algumas vezes percorria o muro até ao telhado Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-13276505474766495482023-08-26T12:45:00.000+01:002023-09-12T22:46:15.676+01:00A casa dos Ratos 2(anterior)
À falta de melhor, a casa para os ratitos foi um cesto para papéis. Era de plástico, alto, com quase meio metro de altura, rendado do meio para cima – as janelas. Uma cama improvisada com uma camisola velha a forrar o fundo.O senhor João transferiu-os para lá, um a um, e eles pareceram ficar perdidos, abandonados, ali estendidos naquele colchão sem odor de mãe.— Coitadinhos, pai, eu Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-65743189571548017512023-08-25T12:50:00.000+01:002023-09-12T22:46:31.859+01:00A Casa dos Ratos 1.1(início)
Ficou quieto e mudo, pensando numa solução. Sabia que podia vir a ser uma estragação naquela casa se os deixasse ficar, mas não se atrevia a matá-los. E se os criasse como animais domésticos? Mas surgiram-lhe algumas dúvidas: seriam domesticáveis? E não seriam novos demais para os criar? E se os ratos forem portadores de doença logo que nascem? Será que haveria alguma vacina para eles? EFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-51775484122099300182023-06-18T18:15:00.000+01:002023-06-20T09:12:56.621+01:00Regresso ao mundo IA janela semicerrada deixava entrar uma claridade suave, que transmitia uma aura pacificadora e tranquila. O silêncio era entrecortado, aqui e ali, por um misto de vozes sussurradas e passos no corredor.
Deu a volta à cama, aproximando-se da janela e ficou por momentos a espreitar pelas frestas, sem nada ver.
O coração queria saltar-lhe do peito, tal era a sua ânsia de a abraçar, de a beijar. Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-80497694111849741532023-05-30T12:33:00.000+01:002023-10-13T22:49:02.805+01:00Sombras IIIDe cara envolta como que numa nuvem de pó de talco e sentindo-se a flutuar em denso nevoeiro, parecia-lhe ouvir umas vozes perto de si. Alguém, uma vida, um fim. Uma noite de luar negro. Era jovem e um espectro se acercara. E não havia resistido. Tudo se resumia, assim, a um ponto final. Pela maneira como ouvia a descrição parecia-lhe ver aquele seu ex-aluno da faculdade, aquele que viaFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-14156726690850052892023-04-14T11:01:00.000+01:002023-10-13T22:48:33.899+01:00Sombras II
Tinha reparado com atenção em toda aquela inusitada cena na piscina e seguiu-os. Sabia como lidar com crianças, sentia aptidão natural para isso. Por isso foi-lhe fácil aproximar-se e falar com cuidado e meigamente. Procurando ganhar a confiança deles, começou por perguntar com se chamavam. Manuel e José, respondeu o maiorzinho, apontando para si e para o irmão, respectivamente. Que faziam ali Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-89309011859605928662023-03-24T12:09:00.000+00:002023-12-09T09:35:43.499+00:00Pontos nos iiiiiiii
Arrefeceu. De repente. Num dia estávamos sob calor escaldante, no outro dia já debaixo de uma tempestade glacial. Foi um pulo de gato. Um salto de pardal.
De Verão para Outono, uma negaça do sol, uma pirraça da lua. Um gesto que me sonega a estrada ao fim da rua e o norte, a leste de ser tua.
Lá longe, onde moram os poemas, o tempo veste a roupagem do mar; e vem mostrar-se numa Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-22328192869665522702023-01-08T16:47:00.000+00:002024-02-25T22:43:18.572+00:00Presépio na Montra e A Fuga para o EgiptoEste meu presépio aqui na montra da loja é bem mais pequeno do que o do tio Zé. O dele é enorme! Estende-se pela adega além, em cima de um palanque de tábuas para dar uma altura, que foi revestido até ao chão de papel pardo, retirado de sacos grandes de farinha, enfeitado depois com fitas e bolas coloridas e brilhantes. E o mais importante: tem imensas figurinhas. Perco-me a observá-lo sem nunca Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-55737607721394057422022-12-27T15:32:00.001+00:002023-01-21T20:11:15.056+00:00Presépio na Montra – Os Reis MagosAqui estão, no presépio, Gaspar, Baltasar e Melchior: três Reis Magos, montados nos seus camelos, vindos de longe, dos lados de Oriente. Vêm há vários dias guiados por uma grande luz brilhante de uma nova Estrela, para ver e adorar o Messias Prometido, o Rei de Israel. Para trás já deixaram o castelo do Rei Herodes, a quem foram perguntar se ele sabia onde tinha nascido o Rei que eles vinhamFá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-38203463337525338042022-12-19T17:23:00.007+00:002023-01-21T20:31:41.146+00:00Presépio na Montra - Que Alegria! anteriorOra bem: naquela região, perto da gruta onde o Menino Jesus nasceu, andavam uns pastores que guardavam os seus rebanhos e por lá pernoitavam, coitados! Se calhar tinham de dormir nalguma gruta que por lá houvesse, ou nalguma cabana improvisada, senão teriam de dormir ao relento e ao frio junto com as ovelhinhas. Não sei quantos seriam, mas ainda me restam aqui dois. Vou fazer umas Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-56485398617746949562022-04-04T15:04:00.000+01:002023-10-13T22:40:37.465+01:00A redeHá uma rede de arame enleado, pregada em estacaria por cima do muro; caída a certo passo, em certo tempo derrubada, e a par e passo pisada. É uma vedação que nada veda: nem vento, nem maresia, nem tempo, calor ou invernia; nem vegetação, pássaro, insecto, luz da noite ou do dia; ninguém. O tempo vem empurrado pelo marulhar ao encontro da praia e parece ir, dolente, levitar nas asas das Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-8665255104621922218.post-89933344608458006072021-12-20T17:03:00.000+00:002024-03-04T14:49:58.994+00:00Presépio na Montra (continuando)anteriorMas como são cada vez menos, as figurinhas!... Ah, pois, lembro-me de que no ano passado, o meu amigo Zeca me pediu para trocar algumas comigo, das que eu tinha repetidas… mas conseguiu levar-me à certa, deixando-me bem menos das suas do que eu lhe dei das minhas. Das ovelhas levou-me metade do rebanho e, dos músicos, fardados a rigor, ficaram poucos, já nem parece uma banda Fá menorhttp://www.blogger.com/profile/15673009006344117280noreply@blogger.com17