Sim, a vida também é feita de repetições.
Há dias de nevoeiro que se fecham em noite; há dias de nevoeiro que se abrem ao sol. E se há dias de nevoeiro que escondem a vida, há também dias de nevoeiro que a desvendam, que dela palpitam.
A vida repete-se todos os dias; em dias de nevoeiro ou em dias de sol; ou de chuva, ou de tempestade, ou de bonança. Todos os dias o sol nasce; todos os dias o sol se põe. As estações sucedem-se umas às outras. Todos os dias se morre; todos os dias se nasce. A vida tira; a vida dá. E até o que se oculta no nevoeiro também dele irrompe inesperadamente, às vezes contra todas as probabilidades.
Luísa viu as repetições acontecerem na sua vida: em si.
Um dia, o nevoeiro cortara-lhe o ar que respirava; mais tarde, um outro dia de nevoeiro devolvera-lhe o ar em tal quantidade que a sufocara. Contra todas as probabilidades, a vida lhe mostrara de novo o amor. Um amor demasiado belo para ser verdade. José Miguel. O aluno daquele semestre que brilhava por entre uma multidão de alunos, como o sol rompendo o nevoeiro.
Demasiado ofuscada, demasiado sedenta, afogara-se nessa fonte de luz, sem conseguir a racionalidade que lhe permitisse manter a distância. Racionalidade é o que não abunda quando o amor e a paixão se fazem urgência. Mais tarde foi tarde demais.
Chegaram as férias e Luísa foi, e não voltou. A dor também se repete, mas desta vez fora uma decisão sua. José Miguel. Pensou sobretudo nele: nunca lhe atrapalharia a vida. Era muito jovem, era homem, como tal seria fácil para ele ultrapassar aquele seu, talvez, devaneio da juventude que era amar a sua professora. Quanto a ela, o que aconteceria a seguir não passaria de mais uma repetição: ser mãe, e pai, outra vez.
Olá, repetições, dias de nevoeiros, nostalgias...abraços
ResponderEliminarUm preço muito alto a pagar por tentar apanhar um pequeno brilho de luz.
ResponderEliminarHá repetições que são uma espécie de tragédia.
Beijo :)
Os olhos também se escondem em nevoeiro; acreditam poupar o coração.
ResponderEliminarA vida é assim cheia de repetições vestir-se, comer, lavar-se trabalhar, fazer as mesmas coisas claro..."rotinas", o que não deve ser rotina são os erros, mas até aí a tentativa erro pode resultar em algo de bom.
ResponderEliminarbeijinhos da Utilia
Esta Luísa fez o que devia... a que custo???
ResponderEliminarAo ler a sua maravilhosa e muitíssimo bem escrita narrativa, lembrei-me do filme, The reader, com o qual Kate Winslet ganhou o Oscar da Academia.
A história tem algo em comum, muito pouco, mas tem.
Escrevi na altura num Blog onde já não estou mais assim - http://cvssemprejovens.blogspot.com/2009/05/reader-o-filme-que-deu-kate-winslet-o.html.
Agora estou só na minha Casa do Rau.
Beijinhos
Ná
se a história bem percebo
ResponderEliminarfez bem Luisa zarpar
Zé Miguel é um mancebo
que tem muito que estudar.
que tem muito que estudar
e da vida apreender
conjugar o verbo amar
não é fácil de saber.
não é fácil de saber
as voltas que a vida dá
o Zé militar vai ser
Luisa vive no Canadá.
Prometi que apenas faria comments em rima mas já estou mais que arrependido; isto é mais difícil que um caso de amor entre uma professora e um aluno...
bjs. e sorrisos.
*
ResponderEliminarvividas
repetições, na vida,
,
conchinhas,
,
*
Eu Te bendigo, ó Pai, (...) porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).
ResponderEliminar"Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças"
ResponderEliminarCharles Darwin
Bjs
Insana
.
ResponderEliminar. e repito.me aqui ,,, neste página que nos des.venda .
.
. bel.íssimo .
.
. beijo meu .
.
Esta narrativa está muito bem conseguida! repetições...é a vida...
ResponderEliminarBjs
E eu, neste palco
ResponderEliminarPinto mil e uma emoções
Luzes, as pancadas de Molière
O aplauso, tantos sorrisos, contradições
Inquieta alma esta
Vivendo entre a o amor e a dor
Voando para além do sonho
Nas asas de um viajante Açor
Doce beijo
A Vida é realmente feita de repetições , mas há repetições que se devem evitar , quando as anteriores não resultaram e nos deixaram mágoas.
ResponderEliminarUm texto muito interessante!
doloroso esse preço a pagar por se tentar ser feliz, mas na verdade nem sempre aprendemos as lições que a vida nos dá
ResponderEliminarum beijo e boa semana
Belo e verdadeiro texto. Quando sobra o amor, falta racionalidade. Sempre. :) Boa semana
ResponderEliminarHá ciclos com diferentes ritmos.
ResponderEliminarNo fim, bate tudo certo, isto é, morremos todos iguais...
Excelente texto, amiga Menorzinha...
Beijos.
Estas "folhas esparsas" mereciam
ResponderEliminarque eu tivesse mais tempinho
é que a olhar este espacinho
ficou vontade de ler as que já iam :)
Isto de vir a rimar
custa muito a conjugar
já ´tou como o legivel
tira ao contexto o nível :)
mas vou sempre espreitando
mesmo que não comentando:)
beijinhos bailando
Os nevoeiros um dia dissipam, Beijo Lisette
ResponderEliminarUm momento um pouco triste,
ResponderEliminarrelatado como um poema!
Beijo, Linda,
e que a Luz brilhe nos dias de nevoeiro!
Parabéns belo post!!!
ResponderEliminarMuito bom!
Acesse meu espaço...
http://mailsonfurtado.blogspot.com
Sorte sempre!
Olá querida amiga bloguista!
ResponderEliminarMais uma vez vim ao seu espaço. Gosto do que escreve, e este é mais um dos que gostei.
Nem sempre posso comentár mas leio!
Compareça nos meus e comente:
www.queriaserselvagem.bogspot.com
www.minhalmaempoemas.blogspot.com
www.congulolundo.bogspot.cm
E-mail: kwahta@hotmail.com
Um Abração do tamanho do mundo
a vda é uma repetição de fatos, devemos portanto parender com eles.
ResponderEliminarbeijo!
Repetem-se, mas o importante mesmo é vivê-las com intensidade, pois sempre restam as lembranças...
ResponderEliminarFa, um beijinho nesse coração!!!
Muito bom!! Gostei mesmo.
ResponderEliminarAcabei de atualizar o meu, http://lenjob.blogspot.com, com mais cinco poemas e por gentileza não deixe de ir ao blog mais cultural do Brasil, o Castelo do Poeta, http://castelodopoeta.blogspot.com que tem um belo video de uma sambista brasileira na Itália e uma extraordinaria entrevista com a cantora Érika Machado. Se tiver facebook me adicione com este link, http://www.facebook.com/#!/profile.php?id=100001633062137.
Beijo!!!
João Lenjob
Abajur Desligado
João Lenjob
A tua luz é tão inerte
Pura, minha
Ela me ilumina eternamente
Me cativa suavemente
E nem preciso vê-la
Posso somente senti-la
Posso tê-la sempre
Como um abajur desligado
O teto apagado
E a noite tão escura
Não preciso de outra luz
Preciso somente de teu brilho
E tão precisamente do teu calor
Que me aquece em noites frias
Que me cobre em momentos sós
Como a intensidade de todas as cores
E o teu objeto de tantos amores
A tua presença como de todas as flores.
Gosto de ler algo que nos incuta força...e essa prof.teve a força necessária para separar as águas.
ResponderEliminarQuando andamos à deriva, por vezes estragamos a nossa vida e a dos outro/s.
Gostei bastante.
Abraço
Mer
Só depois de ler o conto anterior, verifiquei que a prof. tinha um passado bem triste...aquele que todos dispensamos que nos aconteça.
ResponderEliminarAinda aplaudo mais a atitude de força desta prof. Lindos estes contos, vou passando mais vezes, para me ir actualizando com estas narrativas tão lindas e profundas.
Abraço
Mer