02/07/2007

[2] A eira

Ergo-me ao sol, como um malmequer desejoso de ser beijado por ele!
Este vai alto e ofusca-me. Olho em meu redor e apercebo-me do quanto sou feliz neste espaço de brincar.
Bem, não é um sítio feito para se brincar. É a eira, a minha eira com o seu muro circular recheadinho de abóboras. O lastro está agora vazio e no telheiro repousam os restos da palha do milho, sobre a qual me dou conta de ter adormecido. Como é que tal foi possível?
- Estou aqui, tia...
Fico ainda mais um pouco. A tarde está quente, de um sol escaldante e resplandecente que me turva os olhos claros, que não conseguem suportar tamanha luz. Fecho-os e procuro lembrar-me como é que vim parar aqui. Será que ainda estou a dormir e isto é um sonho? Não… não pode ser!

(Publicado em: Memória Alada, 2011)

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