A manhã, que, como de costume, começara a ferver ainda mal o sol acordara, quase parou quando ele entrou e se dirigiu a uma mesa vaga, bem a meio da pastelaria.
Rogério não tinha pressa. Habitualmente pedia uma bica e uma nata, ao balcão, que engolia apressado, mas hoje não era dia de aulas.
Enquanto esperava que o viessem atender, pensou que devia ter mais dias assim: tranquilos, depois de noites completas, dormidas como se deve, sem a azáfama dos trabalhos para entregar, que lhe roubavam todas as horas de descanso. Engenharia Informática estava a ser mais difícil do que pensara, mas havia de dar conta daquilo.
Os pais tinham ficado emigrados em França, onde nascera e crescera, e ele procurava-se por cá, sozinho, num país que queria que viesse a ser o seu, depois de ouvir tantas histórias que os pais sempre lhe contaram. Se eles, quando eram da sua idade, não tivessem fugido da aldeia, do país, se não se tivessem aventurado a um mundo largo e desconhecido, talvez ele hoje não passasse de um guardador de rebanhos, igual ao que o pai estava destinado a ser… ou talvez nem tivesse nascido…
Mas lá na freguesia ainda haviam de ouvir falar do filho do Chico da Silva e da Alzira Pereira.