27/12/2022

Presépio na Montra – Os Reis Magos


Aqui estão, no presépio, Gaspar, Baltasar e Melchior: três Reis Magos, montados nos seus camelos, vindos de longe, dos lados de Oriente. Vêm há vários dias guiados por uma grande luz brilhante de uma nova Estrela, para ver e adorar o Messias Prometido, o Rei de Israel.
 
Para trás já deixaram o castelo do Rei Herodes, a quem foram perguntar se ele sabia onde tinha nascido o Rei que eles vinham visitar, pois que a estrela que os guiava tinha-se encoberto ali perto de Jerusalém e não sabiam para que lado caminhar. Sentindo-se abandonados à sua sorte, não sabendo onde procurar, pensaram que talvez pudesse ser naquele castelo.
 
Mas Herodes não sabia de nada, tendo ficado curioso; então disse-lhes que também queria saber e que lhe viessem dizer quando o encontrassem, pois também gostaria de O visitar. (Mais tarde veio a saber-se que essa sua visita, a acontecer, seria tudo menos amigável). E ali ficou ele, à porta do seu castelo, com cara de poucos amigos!
 
Então os Magos viram de novo a estrela e seguiram-na até à gruta de Belém onde estava Jesus. E ali O adoraram e ofereceram-lhe os seus presentes: ouro, incenso e mirra. 

Depois, sendo avisados em sonhos para não voltarem ao castelo de Herodes, pois as intenções dele não eram boas, escolheram um caminho diferente para voltarem às suas terras.


Há quem diga que haveria ainda outro Rei Mago que ficou para trás no caminho, perdendo-se entre a procura do Menino e a ajudar necessitados, que lhe surgiam ao longo da jornada, com as prendas preciosas que levava consigo como presentes para oferecer ao Rei recém nascido. Sem que conseguisse encontrar os outros Magos e nem o seu olhar alcançasse mais a Estrela de Belém, passaram-se muitos anos até encontrar Jesus, só aquando da Sua crucifixão e morte; aí vindo a saber que O tinha encontrado durante toda a sua vida, nas pessoas a quem tinha amorosa e generosamente ajudado. 

Não sei o seu nome. Mas, quem sabe, esse Mago viesse a inspirar um velhinho de barbas brancas a quem chamam agora Pai-Natal?...

19/12/2022

Presépio na Montra - Que Alegria!

anterior

Ora bem: naquela região, perto da gruta onde o Menino Jesus nasceu, andavam uns pastores que guardavam os seus rebanhos e por lá pernoitavam, coitados! Se calhar tinham de dormir nalguma gruta que por lá houvesse, ou nalguma cabana improvisada, senão teriam de dormir ao relento e ao frio junto com as ovelhinhas. 

Não sei quantos seriam, mas ainda me restam aqui dois. Vou fazer umas elevações com pedras e cobri-las de musgo para dar o ar de serra, e colocar as duas figuras dos pastores, mais dois cãezinhos que ajudam a guardar os rebanhos, e as ovelhas que me restam e que já só dão quatro a cada pastor: pobres pastores, até no número de ovelhas são quase miseráveis!  Pobres entre os poucos animais, que mal davam para se aquecerem uns aos outros nas noites geladas de invernia!

Então era de noite, mas uma luz bem forte, que eles viram brilhar, fez-lhes ver tudo como se fosse de dia: era um Anjo que lhes vinha anunciar o nascimento de Jesus: 

“Anuncio-vos uma grande alegria: 

… Nasceu-vos um Salvador. 

… Encontrareis o menino envolvido em panos e deitado numa manjedoura.” 

 Depois juntaram-se, àquele Anjo, outros Anjos que cantavam em coro: 

“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados!” (cf. Lc. 2, 10 – 14) 

Agora é que vai!… só tenho uma figurinha de Anjo, com uma faixa escrita: “Glória a Deus nas Alturas”! Vou pôr o Anjo junto aos pastores e, para já, fica assim. Depois hei-de fazer outros anjos em cartolina e pendurá-los na árvore de Natal, para dar a ideia de que andam a voar e a cantar por ali. Sim, porque era o Filho de Deus que acabava de nascer, e até os Anjos do Céu vieram cantar. Uma alegria contagiante, pois o Messias esperado pelas pessoas, o Salvador, já estava no nosso mundo para trazer a paz tão ansiada! 

Por isso, todas as pessoas do mundo e de todos os tempos foram depois contagiadas por essa alegria. E, daí, podem aparecer muitas figurinhas no presépio: de muitas profissões, regiões e de tempos mais antigos e mais actuais. 

Assim, o presépio é uma maneira muito linda de recordarmos o nascimento de Jesus e do quanto Ele é importante para nós, nos trazendo Esperança num mundo melhor.


04/04/2022

A rede


Há uma rede de arame enleado, pregada em estacaria por cima do muro; caída a certo passo, em certo tempo derrubada, e a par e passo pisada. É uma vedação que nada veda: nem vento, nem maresia, nem tempo, calor ou invernia; nem vegetação, pássaro, insecto, luz da noite ou do dia; ninguém. 

O tempo vem empurrado pelo marulhar ao encontro da praia e parece ir, dolente, levitar nas asas das gaivotas que não param de dançar, suspensas, lá em cima, num céu acinzentado, meio doente, meio enfarruscado. 

A rede delimita o olhar de um ao outro lado – fora e dentro, só olhar. De fora, atrás, o mar; do outro lado, lá dentro, o tempo custa a passar. De fora, os olhos só vêem a espera, pesada, a arder. 

Por um pouco de tempo, o olhar esqueceu-se de se envolver, semicerrou-se, cansado de pestanejar; e o tempo suspendeu-se, amarelo, na ponta de uma estaca onde a rede se queda, senhora de si, empertigada, enviesada, salpicada da maresia demorada…
 
Dali a outro pouco tempo, do nada, bateu o sol ao atrever-se a espreitar. Um ar de graça que, quer se queira ou não queira, de qualquer maneira, passa. Portanto, sol de pouca dura (e ai, a fome… que ninguém a atura!). 

Mas o tempo é para comer e estar. Porque, do lado de dentro da rede, há outra rede que faz o tempo tardar.

poderá também gostar de:

Mais Rabiscos