Palhaço não era… nem se sentia, muito embora se rissem dele e com ele. Uma figura caricata que poderia parecer um palhaço, com aquela indumentária que vestia, fazendo gosto em ostentar as medalhas que as feirantes lhe colocavam ao peito à segunda-feira no mercado. Elas achavam-lhe graça e, dançando à roda dele, faziam-lhe uma festa. O David, na sua simplicidade, ficava envaidecido e vinha contar tudo, com a sua tão conhecida gaguez que fazia com que todos puxassem por ele. Que elas tinham dançado com ele e que: “fofoforam aquelas maaaluuuca…ca…cas é é daaaaququeeelas é é é pepeeeixeiras esgueeeeirooouas é é é qqque me deeeram a as medaaaalhas”. Um simples, que trabalhava de carregador no mercado a troco de gorjetas. Palhaço não. Nunca pela pequena cabeça lhe passou que se divertiam à sua custa, muito embora alguns o fizessem, pagando-lhe copos de vinho quando sabiam que isso o faria descarrilar. Palhaços são os que, sem alma, se aproveitam da pequenez dos outros para se divertirem à sua custa. Quando o picavam ou chateavam, ele encarava-os com aqueles olhos, entortadamente, e gaguejante ameaçava que chamava a Guarda.
E o tempo ia passando satisfatoriamente, feito de primavera e verão, até lhe chegar o outono e lhe assomar o inverno. Então um Inverno mais forte, estando ele mais fraco, despiu-lhe a esperança do Natal. Desabou-lhe o telhado do casebre sobrevivente da aldeia semi-fantasma de habitantes. E a chuva e a geada dormiram com ele.
O Natal despido de esperança é um gelado inverno: um inverno que gela os ossos e a alma o ano inteiro, com artes de transformar qualquer um em pobre palhaço.
E o tempo ia passando satisfatoriamente, feito de primavera e verão, até lhe chegar o outono e lhe assomar o inverno. Então um Inverno mais forte, estando ele mais fraco, despiu-lhe a esperança do Natal. Desabou-lhe o telhado do casebre sobrevivente da aldeia semi-fantasma de habitantes. E a chuva e a geada dormiram com ele.
O Natal despido de esperança é um gelado inverno: um inverno que gela os ossos e a alma o ano inteiro, com artes de transformar qualquer um em pobre palhaço.
(M. Fa. R. – 22.12.2009)
A todos um Bom Natal, vestido de Esperança e calor humano,
para que se sinta menos gelado o frio que soprar em 2010.
Um Ano Novo de Paz e Amor!