Longe vão os tempos em que eu voava com Morfeu. Já não sou aquele gavião de asas doiradas… deixei que elas fossem violentamente arrancadas por uma nortada… caí. Embati tão forte dentro de um navio à deriva que quase lhe causei um rombo.
No fundo dos meus olhos quase se extinguiram as labaredas que os faziam brilhar. No lugar desse lume que me aquecia, o vento passou a ser o soberano, aquele que dita as leis e transforma em aridez tudo aquilo em que toca.
Cada sacudidela, cada oscilação deste barco que me aprisiona, causadas pela fúria das águas do enorme oceano que me volteia, provoca em mim uma vasteza de um nada, que eu almejaria que fosse um tudo. Por isso me transformei num tigre assanhado, que ruge e arranha, numa tentativa desesperada de despertar uns sopros de uns olhares, por muito fugazes que sejam, que me venham atear os resquícios das fogueiras que um dia arderam em mim.
Eu sou apenas eu e a minha situação.
Mas, ao longe, bem ao fundo de um tempo que parece breu, uma batida me faz estremecer e acordar. São as asas de latão que vêm ao meu encontro. Afinal, Morfeu ainda não me abandonou, não desistiu de mim. Começo a perceber que ele jamais deixará de me chamar a voar!
[Mais um texto com 12 Palavras sugeridas - 11.º jogo]
No fundo dos meus olhos quase se extinguiram as labaredas que os faziam brilhar. No lugar desse lume que me aquecia, o vento passou a ser o soberano, aquele que dita as leis e transforma em aridez tudo aquilo em que toca.
Cada sacudidela, cada oscilação deste barco que me aprisiona, causadas pela fúria das águas do enorme oceano que me volteia, provoca em mim uma vasteza de um nada, que eu almejaria que fosse um tudo. Por isso me transformei num tigre assanhado, que ruge e arranha, numa tentativa desesperada de despertar uns sopros de uns olhares, por muito fugazes que sejam, que me venham atear os resquícios das fogueiras que um dia arderam em mim.
Eu sou apenas eu e a minha situação.
Mas, ao longe, bem ao fundo de um tempo que parece breu, uma batida me faz estremecer e acordar. São as asas de latão que vêm ao meu encontro. Afinal, Morfeu ainda não me abandonou, não desistiu de mim. Começo a perceber que ele jamais deixará de me chamar a voar!
[Mais um texto com 12 Palavras sugeridas - 11.º jogo]
22 comentários:
Belo texto. Obrigada por ter vindo ao Voo Longo!
Maria Carmo
Amiga Fa,
voas até com Morfeu, que os anjos te acompanhem sempre nesses voos e saias muito revigorada de cada um.
Gosto muito de ti.
Beijinhos
Querida Amiga Fa menor,
Parabéns pelo texto. Gostei muito.
"Eu sou apenas eu e a minha situação"
Pego nesta frase e digo-lhe que É MUITO MAIS QUE ISSO QUE AFIRMA. Muitíssimo mais.
É uma alma metida num corpo físico e não um corpo físico com alma. E como alma que é está ligada à Alma Universal que tudo impregna e tudo fecunda.
É um Eu Superior que é PAZ e SERENIDADE, simples condensação de energia cósmica, em igualdade com tudo o que existe.
Um grande abraço.
José António
Belo texto,
Como todos os outros
Beijinhos nossos
Maravilhoso o texto, parabéns!
Beijinhos,
Ana Martins
Venho-te convidar a fazeres parte de um grupo que considero interessante, visita o blogue: http://portaria-59.blogspot.com/
Beijos da Alexix
Só deixamos de voar, quando deixamos de viver. Já nascemos com asas na imaginação.
Beijo
Olá Fa;
Tens razâo, Morfeu não se esquece de ti nem de ninguém. Tem uma memória incrivel e não há computador com mais memória...
Gostei imenso deste teu texto e acredita que a fogueira cada nuo interior de cada um de nós não mais sessará de arder, pois ´será esse fogo que aquecerá nossas asas para voarmos para alem do horizonte...
bjs
Osvaldo
Adorei!
Os "jogos" deste tipo, com palavras sugeridas, são um desafio à imaginação e ao poder de síntese do escritor.
E isso é muito bom porque proporciona textos magníficos, coerentes e interessantes...
...voar, por vezes cansa! Felizmente temos a capacidade de, após o repouso, recomeçar.
Belo texto.
A música, com o mesmo título do post, é linda! *
Pelos vistos, era um jogo! Só me apercebi disso, no fim do jogo, quando alguém, na assistência, me disse: « foi um jogo ». Então percebi.É que tu voavas bem, mas sem a graciosidade do voo sem jogo. Deu para perceber que... sem jogo... serias ave. Que és uma ave. esbelta, no seu voo. Aquilo era um jogo!
EA
Não podemos perder as oportunidades de sempre voar...As vezes é necessário tirar os pés do chão e enxergar coisas que estão na vertical e não na horizontal....
Abraços
eu sou apenas eu e a minha situação, que beleza, que inteireza na poesia
Desenham-se corpos Inquietos
sem rostos(...)
invisíveis.
Improvisam a alma
Enriquecem a valsa
mergulham despercebidas
Sombras sem fendas
gritam no deserto povoado
expectativa de vida (...)
partes de nós.
Bom dia
Obrigado pela visita
Realmente as asas são para voar, mas nem todos são providos dessa capacidade «voar» Enfrentar os obstáculos e contorna-los, subir todos os desafios e fugir dos que nos querem cortar as asas.
Tem aqui material para se pensar muito a sério e procurar arranjar as nossas asas e iniciar voos de sonho e liberdade que ninguem nos poderá roubar..........
Um bonito texto, muito bem construído, a dizer-nos que nunca se deixará de poder voar ainda que as distâncias a percorrer em cada voo possam vir a tornar-se progressivamente menores.
Gostei, Fa Menor!
Saudações e parabéns, neste Dia da Mulher!
Exercício de criatividade excelentemente resolovido ( como já é habitual em ti:)) )
Feliz dia da Mulher, um pouco tarde mas só vim à net à noite.
Beijinhos,
Ana Martins
Fá menor, belo texto... sabes, eu acho que quanto mais altos são os voos, maiores são as quedas.
Se tivermos um caminho traçado, cada vez que levantamos voo novamente, levamos as asas maiores e mais resistentes...
um beijo para ti, obrigada pela visita
É bom poder voar...
acho que as minhas asas podem ainda ser coladas... :)
Obrigada a todos!
Bjs
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