Tornei a pisar o chão. No dia seguinte e no outro, e no outro. Caminhos diversos, dura a caminhada. Deambulo à procura de Tudo e parece que não há por aqui nada.
Estes caminhos são juncados de cardos. Talvez, para mim, “vasos de alabastro com bálsamo de nardo” (cf. Mc. 14, 3).
Percorro trilhos dos outros lados, na busca do ponto que no primeiro dia abandonei. Talvez que houvesse uma convergência; talvez um sinal, talvez uma saliência que se pudesse pular, talvez uma frágil ponte, talvez um carreiro, talvez um sulco já antes trilhado… mas nada. Não encontro nada, nada disso.
…
E… onde é que Tu não estás?!
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Às vezes temos que descer para voltar a subir
Descer ao fundo dos nossos erros
Descer ao abismo dos nossos medos
Descer às questões pertinentes que
(inconscientemente) fingimos não existir.
Descer e aterrar na nossa impotência perante tudo e todos.
Com medo ou sem ele
A descida leva-nos por trilhos desérticos,
a uma sensação de vazio, de solidão,
quase deixando de fazer sentido
o sentido que damos à vida.
(Dulce Gomes)
(Adenda)
Há caminhos na floresta que não conduzem a nenhuma parte. Que valor é que têm? Dão-nos a possibilidade de passear, de estar ali naquele momento com o peso do nosso corpo, com a nossa situação. A vida espiritual é precisamente a redescoberta disso, a cada momento.