02/09/2024

Regresso ao mundo III

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“Não éramos iguais. Nunca foi uma relação de iguais… tinha de me afastar.”
Sempre a mesma desculpa. E sempre o mesmo peso na consciência. E sempre o mesmo amor teimoso a não dar tréguas nem sossego. Tanto tempo já passado e tantas lutas para que a tranquilidade visitasse o seu coração, e até parecia que, à medida que o tempo passava, a inquietação se instalava mais.

Tinha ficado de tal modo atrapalhada ao avistá-lo ao longe, que não reparara no automóvel a grande velocidade e se deixara atropelar, quase mortalmente. Fora um milagre ter acordado daquele coma profundo, depois de ter sido dada como morta.
A sua primeira preocupação tinha sido com os seus meninos e pedira socorro para eles, mas acordara com José Miguel na memória, talvez devido ao facto de ele nunca de lá ter saído. Ele era o seu constante pesadelo.

Quando sentiu uma respiração quente a acariciar-lhe o rosto, o pesadelo suavizou, mas nada daquilo podia ser real. Não podia ser… já sonhara aquele sonho tantas vezes... Era somente um produto da sua mente perturbada que insistia em atormentá-la.
No entanto, aquele beijo parecia tão verdadeiro que não queria acordar. Perfeita alucinação em que mergulhara e que lhe transmitia um bem-estar interior tão intenso que queria que perdurasse, para não ter que dar ouvidos aos remorsos de o ter deixado, sem lhe contar a verdade, e que não a largavam nunca.

Poderia ele perdoar-lhe?

16 comentários:

Justine disse...

Tens o dom de contar bem , de agarrar o leitor.
Apetece continuar a leitura...

Nilson Barcelli disse...

Uma belíssima narrativa, como sempre.
Gostei muito, beijo.

Renata Cavanha disse...

Em uma de minhas visitas pelos blogs te encontrei...Deus te abençoe...
Renata
www.radiobeatitudes.com

**Viver a Alma** disse...

Salvé querida amiga...
E então? fica por aqui a narração?
Estava com ganas de te ler mais!
gosto do que escreves, pela transparência e luminosidade.

Se quiseres aceitar o desafio que tenho lá no meu sítio, desencadeavas depois a partir daqui o mesmo tema.
Não sei é se gostarás disso...
Beijos meus
Bom fim semana

sempre...
Mariz

Luis Ferreira disse...

Continuas em alta... e eu adoro ler o que por aqui vais escrevendo e deixando.

Com amizade
Luis

Gilbamar disse...

Emocionam-me deveras seus textos, e eu os leio sempre com interesse. Surpreende-me ler você.

Fraternal abraço do amigo Gilbamar.

Cadinho RoCo disse...

Alimentar transtornos em nós é nutrir a morte em detrimento da vida.
Cadinho RoCo

Pierrot disse...

Sim, tambem concordo com os meus antecessores.
Grande narrativa que prende, é fluente e não satura...
Porque não perdoar... :-)
Bjos daqui
Pierrot

Dennys Silva-Reis disse...

Bela Narrativa....

Bruno Cardona disse...

uau, k blog tao interessante, adorei passar por aqui, vou voltar muitas vezes, parabéns. Beijos.
Bruno Cardona

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Fá!
Lendo o anterior, fez muito bem a personagem em se afastar por um tempo...
O perdão parte de uma pessoa, quando um não quer, dois não perdoam...
Continuação feliz desejonao conto.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos

Królowa Karo disse...

You have a beautiful way with words!

Majo Dutra disse...

O conto parece truncado...
Apetece saber mais...
Um texto delicioso, muito bem escrito...
Para quando um livro de contos?
Beijinhos
~~~~

lis disse...

E lá vai ela devaneando... sonhando acordada.
mais um bom episódio, Fá
como será o final desse imblóglio?
beijinho e volto para saber...

Sérgio Santos disse...

Adorei o episódio!

Flávio Cruz disse...

Nos textos, como nas fotos, tens o dom de captar a nossa atenção, Fa, e deixar-nos ansiosos por mais! :) Meu abraço, amiga; boa semana.

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