12/01/2009

Regresso ao mundo III

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“Não éramos iguais. Nunca foi uma relação de iguais… tinha de me afastar.”
Sempre a mesma desculpa. E sempre o mesmo peso na consciência. E sempre o mesmo amor teimoso a não dar tréguas nem sossego. Tanto tempo já passado e tantas lutas para que a tranquilidade visitasse o seu coração, e até parecia que, à medida que o tempo passava, a inquietação se instalava mais.

Tinha ficado de tal modo atrapalhada ao avistá-lo ao longe, que não reparara no automóvel a grande velocidade e se deixara atropelar, quase mortalmente. Fora um milagre ter acordado daquele coma profundo, depois de ter sido dada como morta.
A sua primeira preocupação tinha sido com os seus meninos e pedira socorro para eles, mas acordara com José Miguel na memória, talvez devido ao facto de ele nunca de lá ter saído. Ele era o seu constante pesadelo.

Quando sentiu uma respiração quente a acariciar-lhe o rosto, o pesadelo suavizou, mas nada daquilo podia ser real. Não podia ser… já sonhara aquele sonho tantas vezes... Era somente um produto da sua mente perturbada que insistia em atormentá-la.
No entanto, aquele beijo parecia tão verdadeiro que não queria acordar. Perfeita alucinação em que mergulhara e que lhe transmitia um bem-estar interior tão intenso que queria que perdurasse, para não ter que dar ouvidos aos remorsos de o ter deixado, sem lhe contar a verdade, e que não a largavam nunca.

Poderia ele perdoar-lhe?

16 comentários:

  1. Tens o dom de contar bem , de agarrar o leitor.
    Apetece continuar a leitura...

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  2. Uma belíssima narrativa, como sempre.
    Gostei muito, beijo.

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  3. Em uma de minhas visitas pelos blogs te encontrei...Deus te abençoe...
    Renata
    www.radiobeatitudes.com

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  4. Salvé querida amiga...
    E então? fica por aqui a narração?
    Estava com ganas de te ler mais!
    gosto do que escreves, pela transparência e luminosidade.

    Se quiseres aceitar o desafio que tenho lá no meu sítio, desencadeavas depois a partir daqui o mesmo tema.
    Não sei é se gostarás disso...
    Beijos meus
    Bom fim semana

    sempre...
    Mariz

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  5. Continuas em alta... e eu adoro ler o que por aqui vais escrevendo e deixando.

    Com amizade
    Luis

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  6. Emocionam-me deveras seus textos, e eu os leio sempre com interesse. Surpreende-me ler você.

    Fraternal abraço do amigo Gilbamar.

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  7. Alimentar transtornos em nós é nutrir a morte em detrimento da vida.
    Cadinho RoCo

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  8. Sim, tambem concordo com os meus antecessores.
    Grande narrativa que prende, é fluente e não satura...
    Porque não perdoar... :-)
    Bjos daqui
    Pierrot

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  9. uau, k blog tao interessante, adorei passar por aqui, vou voltar muitas vezes, parabéns. Beijos.
    Bruno Cardona

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  10. Olá, querida amiga Fá!
    Lendo o anterior, fez muito bem a personagem em se afastar por um tempo...
    O perdão parte de uma pessoa, quando um não quer, dois não perdoam...
    Continuação feliz desejonao conto.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

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  11. You have a beautiful way with words!

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  12. O conto parece truncado...
    Apetece saber mais...
    Um texto delicioso, muito bem escrito...
    Para quando um livro de contos?
    Beijinhos
    ~~~~

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  13. E lá vai ela devaneando... sonhando acordada.
    mais um bom episódio, Fá
    como será o final desse imblóglio?
    beijinho e volto para saber...

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  14. Nos textos, como nas fotos, tens o dom de captar a nossa atenção, Fa, e deixar-nos ansiosos por mais! :) Meu abraço, amiga; boa semana.

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Truman Capote diz:
«Quando se trata de escrever,
acredito mais na tesoura do que na caneta.»...
Mas eu escrevo aqui por entre o imaginado e o sentido; e
«Entre meus rabiscos e minhas ideias há um mundo de sentimentos.» (Marcelle Melo)
.
Leia pf: Indicações sobre os Comentários

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