05/11/2009

O Silêncio e a Dor

Não nos faz muito bem namorar silêncios.
Mas quando desenhamos a dor fogem-nos sempre as cores mais primaveris para outros pincéis, e os riscos que nos voam da mão e que nos sobrevoam a tela são em formas de raios saídos de trovoadas.
Nos silêncios apagam-se verbos que engoliriam certezas, dúvidas, afrontas, quedas, humilhações, entronizações, ódios, paixões, uma infinidade de credos ou razões.
A dor, essa, quase sempre se pinta em tons de negro. E muitas vezes de sangue.
Quando o silêncio e a dor se misturam só há lugar para tintas descoloradas que escorrem por entre as vértebras de uma cadeia, onde a noite e o dia, fundidos e amordaçados, se vêem aprisionados sem frestas para respirar.
O silêncio é morte: violência verbal.
O silêncio também é vida: saber calar.
E a dor é um fantasma que o silêncio não consegue ocultar.

16 comentários:

  1. Olá Fá,
    Bem li e reli e acho que tenho que voltar a ler o teu texto.
    As palavras ditas e as que ficam escondidas deixaram-me a meditar!
    Sabes também gosto de pintar mas nunca pintei a dor... acho que não me faz pintar, a dor é o que é, cada um a vive ao seu jeito, também opto muitas vezes pelo silêncio, refúgio...mas vejo-a sempre como tela em branco em que tenho as tintas e os pinceís na mão para pintar um mundo melhor.
    Acredito que a dor também dá espaço para pintar entre o negro ou a ausênsia de cor, uma luz brilhante, pode ser pequenina, mas existe certamente e vai brotar!
    O silêncio também pode transformar ou deixar que o amor transforme?!
    Não sei, não sei...
    Abraços, IDA

    ResponderEliminar
  2. Sempre hesitei entre o silêncio e a dor... talvez a dor nos dê mais vida.

    ResponderEliminar
  3. Vim inspirar-me aqui...

    :)

    ResponderEliminar
  4. ... chega-me o primeiro parágrafo: nem namoros, noivados ou casamentos com o silêncio. Dou-me mal com ele (melhor: nunca nos entendemos)e se por acaso, ou distração, deixar de ouvir um ruidozinho que seja, está o caldo entornado.
    Mas... e a dormir? perguntarás tu. Não há problema: ressono a noite inteira, alto e bom som.Dizem.
    Claro que a dor também se pinta e não tem apenas a ver com a problemática cromática. Por exemplo, uma tela pintada de verde (tida popularmente pela cor da esperança) pode perfeitamente simbolizar a dor. A dor do artista ter esgotado o stock de todas as outras cores...
    "Saber calar". Há sempre alguém que se "safa" à pala desta virtude(?!): de não ouvir as palavras certas em tempo oportuno.

    Beijos, sorrisos e òptimo fim de semana.

    ResponderEliminar
  5. Tanto a dor, como o silêncio são difíceis de descrever. O silêncio pode ser mortal ou libertador mas a dor é sempre triste. Quando conjugadas podem tornar-se insuportáveis de viver...

    ResponderEliminar
  6. E isso tudo junto - silêncio, dor, morte - afinal, como tu dizes, não passa de vida no seu todo!

    ResponderEliminar
  7. Assim é. E deles precisamos, para que a Vida se faça entender. :) Boa semana!

    ResponderEliminar
  8. Se completam.
    São a mesma coisa, o silêncio e a dor.
    A dor é silenciosa e o silêncio dói.


    ;*

    ResponderEliminar
  9. mas um dos melhores ,senão o melhor ,paliativo para a dor é o silêncio

    que pode ,nem deve ,não ser sinónimo de morte



    .
    um beijo

    ResponderEliminar
  10. Parabéns pela excelência do teu texto/ponto de vista.
    Gostei imenso da tua abordagem e a última frase é de mestre...
    Querida amiga Menorzinha, tem um óptima semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  11. Quando o silêncio se instala as cores da paleta esbatem-se...

    E vou escurecendo no prolongamento deles

    beijinho

    ResponderEliminar
  12. *
    a dor
    é o cinzento da vida,
    amálgama do negro e branco,
    noite e dia,
    o breu e a claridade,
    ,
    conchinhas, deixo,
    ,
    *

    ResponderEliminar
  13. Fá,
    É verdade que não nos faz bem namorar silêncios, mas também é verdade que é muito bom namorar em silêncio.
    Bjs.

    ResponderEliminar
  14. . do silêncio e dar dor .

    . a narrativa maior, perene e presente num verbar assertivo e amplo de voz e de sangue .

    . bel.íssimo, Fá .

    . um beijo meu .






    . paulo .

    ResponderEliminar
  15. Muito bonito, um belo texto e uma grande abordagem ao silêncio e à dor!
    Passei para deixar um forte abraço de amizade e deparei-me com este belo texto! Obrigado e Parabéns! gostei muito!
    Bjs
    Vasco

    ResponderEliminar
  16. A vida dá-nos de tudo, incluvisé muitas dores, mas tb muitas alegrias.

    Deixo-te o meu silêncio

    ResponderEliminar

Truman Capote diz:
«Quando se trata de escrever,
acredito mais na tesoura do que na caneta.»...
Mas eu escrevo aqui por entre o imaginado e o sentido; e
«Entre meus rabiscos e minhas ideias há um mundo de sentimentos.» (Marcelle Melo)
.
Leia pf: Indicações sobre os Comentários

poderá também gostar de:

Mais Rabiscos