Agulhas e linhas; pano branco e bastidor; riscos cheios a cordão…
A cheio vai passar a ser, assim, o meu mundo.
Comecei a aprender a bordar a máquina. Agora vivo para isso. As terças e as quintas são para ir aprender, os restantes dias da semana são para praticar.
O primeiro dia foi muito monótono: um bastidor todo a ponto de cordão até aprender a dar o balanço… que ainda não dou bem. Enquanto não se dá o balanço certo, é um meter os pés pelas mãos, linhas rebentadas, agulhas partidas…
Isto de colorir desenhos com linha, à máquina de costura, tem que se lhe diga. Temos de tirar o calcador à máquina e cobrir-lhe os dentes com uma pequena peça, para que o pano corra livre, esticado no bastidor. São as mãos que lhe dão o jeito para que a agulha leve a linha ao bordado, mas são os pés que tocam o pedal, para fazer a agulha com a linha andar para baixo e para cima, a bordar. Ora isto, no princípio, não se coordena muito bem. As mãos e os pés não se entendem, ou melhor, os pés querem ir atrás das mãos, mas não devem. Os pés não podem ir atrás das mãos, senão a agulha anda ao contrário e a linha parte-se. Os pés têm de ganhar ritmo, embalo para a frente, sabendo quando avançar, abrandar e parar, enquanto as mãos voam livres. Os pés tocam a máquina; as mãos pintam poesia.
É aí que está o meter os pés pelas mãos, enquanto cada qual não souber fazer, coordenadamente, a sua parte. Partem-se linhas e agulhas; borda-se ao lado do risco; sai o desenho todo deformado. Mas eu vou aprendendo.
Aos poucos, hei-de aprender a bordar na perfeição.
22 comentários:
Voltaremos a este tempo em que éramos pobres e as meninas prendadas.
Deve ser interessante, e sorte ainda haver quem ensine! acho que era uma coisa que gostaria de aprender.
Bjs
Olá Querida Amiga Fa menor
Pois claro que aprender a utilizar uma máquina de costura (de bordar, ou outro tipo de máquina), ao princípioé complicado. Mas depois com o hábito o cérebro aprende a coordenar todos os movimentos e a comandá-los com ligeireza.
É como adquirir um hábito qualquer. Depois de muito rotinado, funciona como uma nossa segunda natureza.
Isto leva-nos a uma questão muito importante na vida: Sendo o homem um animal de hábitos, ele pode escolher que hábito quer introduzir em si. Até pode escolher um hábito bom que o eleve, dignifique ou melhor a todos os níveis.
E pode escolher quantos hábitos quiser.
Uau! Isto é que pode ser uma autêntica revolução.
E se decidíssemos todos reintroduzir o amor (amor homem/mulher; pais/filhos; amor/amizade; amigos/amigas; etc.)?
Um abraço
José António
Fa menor. ( onde a musicalidade ressoa intimista, com sentimento:))
Olha, uma excelente ideia. Depois pode ser a minha professora nessa nova arte que a apaixona.
bjs
Pj
Eu também tirei a carta de profissional para conduzir o táxi.
Estou a acabar o mestrado em pinturas de interior, a minha nova profissão quando o táxi ficar mais velho.
Aqui aprende-se a bordar. Eu aprendi à muito. (é mesmo verdade).
Tenho dois guardanapos em linho, com o meu nome bordado.
Teria uns 10/12 anos e lá em casa todos tinham que fazer de tudo...
Algumas coisas aprendi... e... ainda agora (no Natal, na Escócia) o meu filho pediu-me para lhe cozer (em condições e à minha maneira, os botões de um sobretudo.
Nunca mais caem... ou levam o tecido agarrado).
Bordar à máquina não sei. Mas fazer bainhas na velhinha Singer... como costumo dizer "não à agulha que me resista".
Bem, tentei explicar a tara de ser taxista.
É uma profissão em que se lida com o público e cada um, "um" diferente e com diferenças.
Vou.
Cumprimentos.
Parabéns amiga, pois bordar à máquina não é fácil e estou certa serás uma boa bordadeira e poderás elaborar belos trabalhos.
Gostei....
Bom fim de semana
Beijinho da Gota
Minha mãe é exímia na arte do bordado, amiga; e minha avó também o foi. Assim, este texto teve para mim um sabor especial. Obrigado, boa semana!
Querida amiga
Há no bordar
uma preciosa
metáfora de vida...
Que sempre existam
sonhos a habitar teu coração.
Olá amiga Fá,
Tinha-me escapado este delicioso e genial texto.
Estou a sorrir, porque nunca consegui em criança aprender sequer a coser a direito:), porque diziam "não sabes fazer nada"...E isto causou-me um certo trauma!
Estou de acordo com o nosso amigo poeta Aluísio!
Não desisti de caminhar sempre a direito e também acho que um dia ainda vou também saber “bordar na perfeição. Aos poucos...".
Um grande beijinho Fá.
Ailime
Aprenderás, não tenho dúvidas querida.
Boa tarde amiga e feliz carnanval!!
Minha querida
Quanta verdade neste texto...quantas entrelinhas em cada frase.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Se não tiver outras vantagens, esse "desporto" evita o alzeimer...
Fazer poesia, também... rsrs...
Beijo, querida amiga.
Um texto de uma vontade linda que aos poucos vais transformar em arte!
Parabéns e beijinhos...
Aguardo o novo post, amiga. Boa semana!
E vais ser uma grande bordadora!! E poeta!!! Já És!
Muitos abraços, amiga!
Jorge
Oi!
Vim espreitar e li o texto.
Duas vertentes: O aprender a bordar, o que se consegue, depois de cortes de bordados já feitos na imperfeição,e
o caminho da vida...partindo agulhas, acelarando ,retardando, mas um dia chegará em que o balañço das mãos quase coordenam com os pés...é só questão de tempo!Até breve
Herminia
Como são bons os novos conhecimentos .........e como se fazem coisas belas em bordados.
Gostei de saber do teu empenho
Bjgrande do lago
Bons tempos onde se fazia tudo em casa, beijo Lisette.
Fá
gostei de te ler e deixo um beijinho
SOL DE INVERNO
Está sol...
Sol envergonhado...
Sol frio...
Sol de inverno...
Mas... sol...
Como a vida...
Que muitas vezes é...
Vida fria...
Vida de inverno...
Vida... sem vida...
Mas... Vida...
LILI LARANJO
...........................
Passei para ver novo post...
Fá, minha querida amiga, tem um bom domingo e uma boa semana.
Um beijo.
Vejo sutilmente sua alma...linda
Martha
Obrigada pela visita
Martha
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