O José tem 76 anos. Fala-se de miséria habitacional, concretamente ao nível do telhado, que se encontra degradado, deixando que as gotas de chuva lhe entrem em casa e caiam em cima da cama. Imagina-se o que lá vai dentro. Além disso, o seu aspecto denuncia falta de cuidados de higiene pessoal, em que as pulgas encontraram poiso; parece, ainda, não usufruir de uma alimentação digna, sendo visto, na rua, a comer apenas bocados de pão com alguma outra coisa. O José é portador de algum atraso mental e vive sozinho, sem suporte familiar, depois de terem falecido, primeiro o cunhado, única pessoa com maior tino naquela família, e depois a irmã, que lhe cuidava da alimentação e da roupa.
Ninguém pediu nada. Há olhos para ver. Ouvidos para ouvir. E uma pele para se arrepiar.
13 comentários:
Muitos Josés há pelo Portugal do Sec. XXI!! Infelizmente...
Infelizmente muita gente não quer ver... não quer fazer nada para mudar... infelizmente é muito comum.
Continuo a adorar ler-te.
Beijinho mt grande,
CA
Não com os meus impostos, responde o povo que vira a cara quando o José passa...
Os Josés precisam de ajuda, nem que seja para morrer com dignidade já que viver é o que se vê, mas quem se importa??
Até quando a existência de Josés?
E com quantos "Josés" não nos cruzamos nós diariamente...
Bom fds.
Bjs.
"Sim, e quantas vezes pode um homem virar a cabeça
Fazendo de conta de que não vê?
A resposta, meu amigo, voa no vento
A resposta voa no vento
Sim, e quantas vezes tem um homem de olhar para cima
Antes de poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos tem um homem de ter
Antes de poder ouvir os outros chorar?
A resposta, meu amigo, voa no vento
A resposta voa no vento"
Assim cantava (no seu inglês nativo) um jovem rebelde há meio século atrás. O senhor Dylan, mais tarde apaziguado pelas "virtudes" do "sistema" americano. Nesse tempo cantava junto com a Joan Baez, o Pete Seeger e muitos outros. Depois tudo se desmembrou, perdeu força. Tudo se pulveriza.
Hoje, aqui, como noutros lados quem pode fazer alguma coisa, olha para o lado para não ver....
Quem olha em frente e sente, não tem meios para fazer nada....
E tudo fica igual, dia após dia...
Tantos Josés por ai, e Manéis, e Joanas....fome, doença, dor...e quem, para fazer o quê? Um paliativo agora para cair no mesmo dentro de dois dias. O problema é de estrutura social, a estrutura social, depende da cultura política e essa gasta o dinheiro na corrida ao poder ou na sua manutenção.
E dito isto, explico que não me deve ser atribuida filiação ideológica porque não tenho nenhuma...
Abraço
Boa tarde, querida Fã!
Muitos são os esquecidos do mundo e de si.
Gostei do momento que nos proporciona de sermos gratos pelo muito que temos.
Felicidades e bênçãos para você!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
😘😘😘
Um retrato impressionante... de tantos Josés... infelizmente!...
Mais um pedacinho de texto, que nos prende a atenção, fortemente...
Sempre um prazer imenso, descobrir cada um dos seus belíssimos textos, Fá!
Beijinho
Ana
A realidade crua e nua. Esse José, tal como muitos outros, é doente, é pobre, não tem amigos, sem dinheiro . Fica por sua conta porque os serviços públicos só atuam se for lá uma equipa de jornalistas de investigação e deixar tudo a nu. O caso tem de ser tornado público para ficar válido. É o mundo, desculpa a expressão, nojento e hipócrita que existe. O problema é quando, quem de fora, observa e acata como uma coisa "normal" . A indiferença irrita-me. Se fosse na casa dessa gente, aposto que não ficariam indiferentes!
Beijinho e bom fim de semana.
Muito bem realçada a falta de cidadania das pessoas, talvez por falta de formação...
Tudo pelo melhor, Fá.
Beijinho
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Que vida triste e pior é que tantas pessoas têm de viver assim
abraços
Um pedaco triste da nossa rotina
Obrigado pela partilha
Apesar de tristw
Reflexiva entrada te mando un beso
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