Os ratinhos cresceram. E começaram
a olhar com maior insistência para o lado de fora. Algumas vezes mordiam as
grades com uma certa esperança de as conseguirem desfazer. Mas os seus
dentinhos não eram tão fortes assim que roessem aquele material, só faziam
barulho naquelas malditas grades. E chiavam uns com os outros, mas eram chiados
finos, quase gritos mudos a que os ouvidos dos donos não davam importância. Estes
pensavam que eles se andavam a divertir, quando o que eles faziam era ralhar e
lutar uns com os outros de tão descontentes que se achavam. É que, por vezes,
até se acabava a comida, pois a dona ainda não se apercebera bem de que eles
tinham crescido rapidamente e que precisavam de maior dose de alimento. Isso era
um inferno. E sonhavam alto com outra vida lá fora. Os olhos daquele gato-guarda não andavam por perto havia alguns dias, talvez ele se tivesse
cansado de os espreitar ou tivesse tirado uns dias de férias. Quem sabe, seria
uma boa altura para pôr em prática um plano de fuga… mas eles ainda não tinham
arranjado um plano. Agora começavam a perceber que estava mais do que na hora de pensarem
a sério nisso.
10/04/2013
16 comentários:
Truman Capote diz:
«Quando se trata de escrever,
acredito mais na tesoura do que na caneta.»...
Mas eu escrevo aqui por entre o imaginado e o sentido; e
«Entre meus rabiscos e minhas ideias há um mundo de sentimentos.» (Marcelle Melo)
.
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Tenho de ler desde mais atrás e perceber uma narrativa que promete :)
ResponderEliminarUm beijinho
Gostei do seu post,uma estória, curta e inteligente.
ResponderEliminarJá a canção brasileira diz"o passarinho ,quando canta na gaiola ,ele não canta ele pede para ir embora", estará como os seus ratinhos à espera da hora certa!
Até breve
Herminia
e vamos segundo a casa dos ratos....
ResponderEliminarbeijo
Tudo bem, mas... por onde anda o Tonecas? :) Bom resto de semana!
ResponderEliminarEstes teus relatos transportam-me para um tempo tão bom...que narrativa encantadora!
ResponderEliminarBeijinho e bom fim de semana (toca a jardinar...).
Vamos continuando, bom fim de semana beijo Lisette.
ResponderEliminar.
ResponderEliminar.
. de fato . aprisionados e sem comida . ainda que . por vezes . não dá .
.
. fico na expetativa de um plano mirabolante .
.
. um beijo meu . e um solarengo domingo .
.
.
Este episódio já tardava.
ResponderEliminarFico à espera do plano de fuga. Quem sabe eles se finjam de mortos para escapar da gaiola quando a dona abrir a porta...
Menorzinha, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
Beijo.
Adorei esta narrativa!
ResponderEliminarOlá Fá e continuando a sorrir ao ler estas suas narrrativas tão engraçadas e muito bem escritas como sempre, fica o "supense" do próximo capítulo. Beijinhos obrigada. Ailime
ResponderEliminarQuerida Fa
ResponderEliminarUm excelente relato que nos impressiona pela similitude.
Ratos somos sem que nos aumentem a dose de comida.
"[...] De liberdade e tontura
(...) Será sempre o que perdura[...]"
Soberano.
Beijos
SOL
Nada ainda do Tonecas?! Onde anda o meu gato gordo preferido? :)Boa semana!
ResponderEliminarUm conto que nos faz sorrir... e no qual se estabelece também um excelente paralelismo com tantas expectativas de vida, sempre em suspenso por qualquer razão!
ResponderEliminarBeijinhos
Ana
El futuro no se puede predecir...
ResponderEliminarMe deixou mais curioso!
ResponderEliminarA casa dos ratos mimetiza a dos humanos
ResponderEliminar🙂