22/11/2008

Maldita droga!

Os pássaros grandes, quando intentam urdir um ninheiro, não têm comiseração de qualquer espécie.
Maldita droga!

Tenho tanta pena de não te conseguir dar a mão!
Tenho tanta pena de que a droga seja o teu pão!
Tenho tanta pena de que, quando te ia conseguindo a recuperação, a tua mãe não tenha permitido, dizendo que não ia deixar o filho recluso num Eremitério, sem poder ter a família por perto. No entanto, agora que a começaste a odiar, lavou de ti as mãos!
Essa aleivosia empurrou-te para as ruínas da cidade, onde te perdes numa infinitude de delinquência e miséria.

Lembras-te Tó, quando eras ainda um miúdo no último ano da catequese, e no grupo te indagámos se era verdade que fumavas charros?
Nem sequer te remeteste ao silêncio. Negaste. E soubeste tão bem negar, com um tão grande misticismo, que todos fingimos acreditar. Mas fiquei de olho em ti.
O teu pai chegou a falar-me da tua inteligência como uma enorme preciosidade. E eu sei que assim era. Mas começaste a fumar cada vez mais e foste enredado totalmente nas malhas dessa teia impiedosa.

Quando ainda estarias a tempo, sabes bem como demos os passos necessários a que mudasses de ares, para te libertares desse vício assassino… mas à última hora, foste levado a não sair de casa. Mais tarde, outros te tentaram ajudar e te conseguiram internar. Mas, esse sincelo que se despenhou e se espetou em ti, já estava por demais enterrado que nunca mais te abandonou.

Tenho tanta pena de não conseguir encontrar o unguento eficaz que te cure as feridas, para que ganhes o ânimo necessário a te libertares desse reino dos mortos vivos!
Maldita droga!

16 comentários:

  1. Esse é um combate desigual, não existe unguento nem amor que por vezes lhe acuda...

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  2. Minha querida,

    Adorei, simplesmente adorei este teu texto, fantastico! Acho que falas de um tema muito importante e que é preciso salientar, pois infelizmente está cada vez mais presente nas nossas amizades, nas nossas familias e que é tao dificil de lutar. Uma luta desigual, sim...

    Parabens pelo texto!
    Muitos bijinhos

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  3. Olá amiga,
    Drogas e outras que não chamamos de droga mas que agem como tal, alienando as pessoas do mundo real.
    Mas...por vezes dou comigo a pensar, não fosse o mal que elas fazem ao organismo de quem as consome e ao humor que depois os transtorna na ausência, este Mundo, por vezes origina esta "fuga" de tentar não olhar o que por cá vai, há tanta coisa bela na natureza mas...tantas outras coisas feias, horríveis de se ver e ouvir e há quem de certa forma tente fugir disso tudo não pensando muito nas consequências.
    Não me refiro a esse caso em particular mas a muitos que fui tendo conhecimento e onde tentei dar a mão de ajuda sem sucesso infelizmente.

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  4. Anónimo00:04

    k bem k m lembro desta situaçao no ultimo ano d catequese.poderia ter sido ai que tudo terminara.ms é o destino d cada um, infelizmente este rapaz nao teve a sorte d ter uma familia k o ajudasse. é muito triste, pior mesmo é saber que tantos se encontram neste mundo dos mortos vivos.
    que Deus o ajude na solidão em que se encontra.

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  5. Anónimo01:45

    texto profundo e real.
    forte que nos puxa pela consciência e reflexão.

    "maldita droga"...infelizmente.

    beco sem saída.

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  6. Como sempre, uma história muito bem urdida!
    Beijo:))

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  7. Quando as letras nos soltam um rabisco de revolta, a imaginação deixa-nos fuir, num canto fácil de um violino.

    Parabéns pela música escolhida e pelos sentimentos invocados!

    :)

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  8. Gostei imenso do texto. :) Beijinho

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  9. Slvé amiga!

    Que luta inglóra...
    Quando o "não consigo" se sobrepõe á força intrínseca...o resultado está aí!

    Que a libertação chegue!

    Abraço de sempre
    Mariz

    ESPAVO!

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  10. Um fantástico texto!!
    Foi um enorme prazer ter-te conhecido pessoalmente no sábado passado. Agradeço as tuas palavras. Obrigada pelo carinho. Beijos.

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  11. Infelizmento o caminho negro da droga muitas vezes não tem volta. Felizes os que conseguem escapar desse demônio químico.

    Deixo meu fraterno abraço amigo.

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  12. Terrível vício, o que estraga tantas vidas. Muito bem escrito, o teu texto.

    Gostei muito de te conhecer, no sábado. Beijo

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  13. Que lindo texto! Que problema terrível!

    Beijinhos

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  14. Excelente, mas só de ler dói...
    Abraços
    ~~~~~~~~

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  15. Excelente!
    Bom final de semana.
    Beijos carinhosos.

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  16. Olá, Fá, maravilhoso texto que comove muito ao pensarmos das dores dos pais e do próprio filho que não teve forças, pois qualquer droga é potente e desafiante! E os pais sabem disso, quanto sofrimento!
    Aplaudo teu maravilhoso e tocante texto, amiga!
    Infelizmente isso existe...e com muita força.
    Uma feliz semana, Fá.
    Um beijinho.

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Truman Capote diz:
«Quando se trata de escrever,
acredito mais na tesoura do que na caneta.»...
Mas eu escrevo aqui por entre o imaginado e o sentido; e
«Entre meus rabiscos e minhas ideias há um mundo de sentimentos.» (Marcelle Melo)
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