Hoje o dia está ventoso.
O Verão deixou-me com o sabor do mar na boca.
Foi a mãe que me ensinou a gostar do mar, a não poder passar sem o seu odor. Enquanto o pai fica estendido na areia, a mãe mergulha e arrasta-me com ela numa dança frenética ao encontro das ondas.
O mar, com a sua melodia, impele-me a subir ao terraço para o alcançar à distância, para lhe sentir o embalo e sofrer o Verão que passou veloz.
Sei que ao longe, junto ao pôr-do-sol, há-de tocar a música das ondas. Mas ela não chega até mim, nem sequer um leve murmúrio que me aqueça o espírito.
Hoje o dia está ventoso!
Além, à esquerda, por cima das copas das árvores, o Moinho das Sapatilhas.
Para mim, ainda é um mundo por descobrir, com tanto de fascínio como de mistério. Ali, aquelas pás enormes giram incansáveis, soltando os seus gemidos e lamentos, sá-pá-tshii-lhás, sá-pá-tshii-lhás… são as sapatilhas do Gigante que habita o moinho, a voar com o sopro deste vento que me sacode o cabelo e o vestido.
Lá dentro, o Gigante está abrigado. Cá fora, os seus enormes pares de sapatilhas dançam ao vento.
Hoje o dia está ventoso…
O Verão deixou-me com o sabor do mar na boca.
Foi a mãe que me ensinou a gostar do mar, a não poder passar sem o seu odor. Enquanto o pai fica estendido na areia, a mãe mergulha e arrasta-me com ela numa dança frenética ao encontro das ondas.
O mar, com a sua melodia, impele-me a subir ao terraço para o alcançar à distância, para lhe sentir o embalo e sofrer o Verão que passou veloz.
Sei que ao longe, junto ao pôr-do-sol, há-de tocar a música das ondas. Mas ela não chega até mim, nem sequer um leve murmúrio que me aqueça o espírito.
Hoje o dia está ventoso!
Além, à esquerda, por cima das copas das árvores, o Moinho das Sapatilhas.
Para mim, ainda é um mundo por descobrir, com tanto de fascínio como de mistério. Ali, aquelas pás enormes giram incansáveis, soltando os seus gemidos e lamentos, sá-pá-tshii-lhás, sá-pá-tshii-lhás… são as sapatilhas do Gigante que habita o moinho, a voar com o sopro deste vento que me sacode o cabelo e o vestido.
Lá dentro, o Gigante está abrigado. Cá fora, os seus enormes pares de sapatilhas dançam ao vento.
Hoje o dia está ventoso…
[Ler também O Moinho das Sapatilhas]
16 comentários:
Que bem retratas a infância e o seu mundo secreto ...
Justine,
como me disse uma amiga no meu outro lado, observar o mundo das crianças é uma terapia!
Obrigada!
Um mundo a revelar-se com sabor a mar e onde os gigantes do nosso desassossego tomam abrigo por detrás do vento.
sá-pá-tshii-lhás! sons que comunicam, lindo :)
Querida amiga,
Vim espreitar os seus "Retalhos e Rabiscos" e fiquei fascinada com a sua escrita!
Que bem escreve! É pura poesia em prosa!
Vou tentar pôr esta leitura em dia para poder apreciar melhor o seu talento.
Bem-haja e peço desculpa de só agora ter descoberto esta sua página (imperdoável).
Um grande beijinho.
"Aquele mundo e o gigante" no seu interior, eu conheci-o!.
Eram as enormes rodas dentadas, de madeira, e os eixos que através do movimento jiratório das "sapatilhas" faziam mover a grande mó
Um gr beijo
Gostei de te ler :)
beijinho
Bela incursão no mundo da infância e no seu imaginário! Escreves muito bem. **
de levar na alma e lá ficar para serem relidas!!
beijão grande!
A sua escrita faz-me viajar.
Viajo dentro de mim até aos tempos em que era criança e através das suas palavras revejo a realidade através dos olhos de um menino que um dia já fui.
Obrigado.
Cumprimentos.
Que gostoso... cheguei a sentir o vento, o gosto do mar e ouvir o som!
abraços fraternos
Lembranças que nos levam junto com a sua recordação!
Muito bonito!
Beijos de luz e o meu carinho...
E assim vão as lembranças nos trazendo pedaços do passado inesquecível.
Deixo meu fraterno abraço.
:) sá-pá-tshii-lhás. Espectáculo!
Beijo grande!
Um texto delicioso. Grata.
Beijinhos
Majo Dutra
O cheiro do mar, o barulho das ondas e até o gosto salgado dele, para mim são perfeitos! Realmente é o sabor do verão! E o vento no moinho completou a cena. São memórias de sua infância? Beijos!
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