Lá fora a chuva cai: ouço-a a bater nas telhas. Presto atenção e saboreio o som da chuvada como se fosse música. Suspendo os deveres da escola e enrolo-me na mantinha sobre a cama para mais confortavelmente a apreciar. Só tenho medo se fizer trovões; a avó costumava dizer que era o Pai do Céu a ralhar...
Olho para o tecto de forro de madeira e para as paredes decoradas a caixas de fósforos e sorrio: sinto-me tão bem no meu quartinho - o meu pequeno mundo!
O que começou por ser uma pequenina colecção de caixas de fósforos com motivos de flores tornou-se já numa colecção enorme destas caixinhas de todos os estilos: os meus amigos, sabendo desta minha paixão, começaram a granjeá-las para mim. E eu, que comecei a colá-las à volta da janela, vou já na terceira parede quase cheia. O pai bem começou por ralhar e dizer que eu estava a fazer um duplo disparate: estragava as paredes e a colecção perdia todo o valor, mas depois acabou por se render e apreciar também; a mãe é que não acha muita graça, diz que eu só perco tempo com coisas que não dão interesse nenhum e o que eu havia de fazer não faço. Ela nunca me irá entender.
Eu sei que isto não vai durar para sempre, que acabará por se estragar ou por alguém estragar; algumas já se descolaram e voltei a colá-las, outras tive mesmo que as substituir porque se deterioraram completamente, mas também não me importa o tempo que dure, o que interessa é que eu goste e me sinta bem enquanto durar.
É como a chuva que continua lá fora... há coisas que nos são agradáveis ao coração, mesmo que os outros não o entendam.
Olho para o tecto de forro de madeira e para as paredes decoradas a caixas de fósforos e sorrio: sinto-me tão bem no meu quartinho - o meu pequeno mundo!
O que começou por ser uma pequenina colecção de caixas de fósforos com motivos de flores tornou-se já numa colecção enorme destas caixinhas de todos os estilos: os meus amigos, sabendo desta minha paixão, começaram a granjeá-las para mim. E eu, que comecei a colá-las à volta da janela, vou já na terceira parede quase cheia. O pai bem começou por ralhar e dizer que eu estava a fazer um duplo disparate: estragava as paredes e a colecção perdia todo o valor, mas depois acabou por se render e apreciar também; a mãe é que não acha muita graça, diz que eu só perco tempo com coisas que não dão interesse nenhum e o que eu havia de fazer não faço. Ela nunca me irá entender.
Eu sei que isto não vai durar para sempre, que acabará por se estragar ou por alguém estragar; algumas já se descolaram e voltei a colá-las, outras tive mesmo que as substituir porque se deterioraram completamente, mas também não me importa o tempo que dure, o que interessa é que eu goste e me sinta bem enquanto durar.
É como a chuva que continua lá fora... há coisas que nos são agradáveis ao coração, mesmo que os outros não o entendam.
(Publicado em: Memória Alada, 2011)
25 comentários:
Gostei muito do som da tua chuva... também eu me aninhei nesta tua história.
SENTI-ME TAMBÉM ACONCHEGADA NUMA MANTINHA LENDO CADA PALAVRINHA POR TI ESCRITA, QUE LINDO!
BJS
As almas sensiveis são assim encontram o verdadeiro encanto das coisas, mas é preciso mesmo penetrar nelas não é? Simplesmente a chuva... sim a chuva só esta palavra com a sua estória dá um romance....
Está a chover para uns felicidade para outrios ouro.
E as caixas de fosforos uma boa ideia.
Beijinhos querida amiga
Utilia
... os interesses e gostos diversos são o sal das nossas vidas. Não fosse assim e a existência seria uma monotonia pegada.
Beijos e sorrisos.
o aconchego de um espaço intimo, só nosso faz toda a diferença quando queremos sentir apenas.
Verdade, o que diz o teu belo texto. O que interessa é "enquanto dure", não vale a pena antecipar tristezas!
Fá,
O importante é sentirmo-nos bem no nosso pequeno mundo, sempre rodeados daquilo que mais gostamos, e que mais nos diz.
Bjo.
há um aconchego diferente sempre que aqui chego
e
mesmo sem entendê.lo
,volto
.
um beijo
linda chuva..
lindo blog.a música perfeita....
bjos.
Deve ter ficado uma linda obra de arte tantas caixinhas de fósforos decorando as paredes!
Beijos!!!!
Um lume que arde sem se ver. Que se sente.
Oi...to aqui para rabiscar a sua história, ela é real? rsrs
Barulhinho de chuva é sempre bom...ainda mais debaixo de uma coberta...
Engraçado mesmo isso, algumas coisas não são compartilhadas como gostariamos que fosse por outras pessoas, elas não entendem, mas talvez façamos isso com alguém também...naquilo que de repente não entendemos...maluco isso...rsrs
Quero te fazer um convite ok...
Vamos a parte colada...rs
Mudando de assunto, eu agora te convido a participar do aniversário de três anos do Verseiro, no dia 26 de janeiro.
A idéia é que cada um que queira participar, faça uma postagem colocando uma foto sua quando criança ou adolescente junto a irmãos, primos ou amigos e conte alguma passagem de sua vida nessa época, alguma travessura, algum fato que marcou em sua memória de forma alegre, engraçada...rs
Vamos comemorar e sorrir juntos...
Conto com sua presença, mas fique a vontade quanto a fazer a postagem ou não ok...
“O passado não reconhece seu lugar
Está sempre presente”
Mário Quintana
Um abraço na alma...bjo
oi..eu de novo na chuva!!
que seja intensa.
otimo fds.
lindo seu carinho.
bjos.
FA... É uma delicia ler-te!
Um beijo
AL
Obrigado pela tua força :) mais um bocadinho...tem que ser! Adversidades... =/ oh injury!...
.
Vai passando no meu blog :) Eu acompanhar-te-ei porque adoro escrever e ja tinha saudades.
.
O medo de voltar impediu-me mais cedo de o fazer:)
**
*
desculpe
por favor tem lume ?
OK, obrigado !
,
gostei da prosa,
,
conchinhas feitas,
,
*
Adoro ouvir o som da chuva quando estou no meu recanto. Este teu pensamento fez-me lembrar isso mesmo e foi reconfortante.
Fizeste-me lembrar aquela musica da Adelaide Ferreira: Eu sei, lá fora a chuva cai..."
É muito aconchegante ouvir a chuva e saber que estamos a salvo mas não gosto de a sentir quando saio do meu casulo protector. No entanto, é necessário fazê-lo!
Beijos
amiga, atrevi-me a lançar-te um desafio.
Espero por ti lá no meu cantinho.
oi fa, sempre delicioso
fazer a sua leitura.
encantam.
otima semna.
bjos millll
__________________________________
Gostei muito do seu texto! É verdade, nem sempre as pessoas entendem, o bem que algumas coisas simples nos fazem...
Continue sim, colando as suas caixas!
Beijos de luz e carinho...
___________________________________
Fa... Parou de chover! Repara como no fulgor do sol!...
Beijos
AL
Oi, Fa Menor!
Aprecio muito sua participação no espaço do nosso amigo Árabe. Vim conferir, estava chovendo, mas gostei do que li.
Parabéns!!!Bjs
Como não colecciono nada, acho muito estranho quem coloque caixas de fósforos nas paredes... mas há gostos para tudo...
Até para colocar essa facto numa história interessante.
O importante, contudo, é que façamos coisas agradáveis ao nosso coração.
Um beijo, querida amiga.
Querida Amiga,
Muito terna esta história de coleccionar caixas de fósforos.
Há coisas que nos aquecem o coração mesmo sem ter qualquer valor comercial ou monetário.
Parabéns.
Um abraço
José António
PS.:
Já actualizámos todos os nossos blogues. Sinta-se convidada a visitar-nos, se assim o entender...
Encantada com o teu blog.
Compreendo que algumas coisas agradam ao nosso coração mesmo sem que tenhamos palavras para descrever o motivo.
abraço!!
Enviar um comentário