Os pingos grossos de chuva levantaram o cheiro a terra molhada.
A manhã acordara suavemente, com ténues raios de sol a espreitar por entre as nuvens que anunciavam a primeira chuva do Outono. Esperá-la tornou-se em ânsia crescente à medida que ela mais se fazia adivinhar.
E ela, então, espreitou ao longe. Observei-a a começar, para lá do arvoredo, a pintar tudo de branco até chegar aqui.
Primeiro um pingo. Logo outro e outro… e o cheiro a terra molhada a elevar-se com a suavidade e doçura de um chupa-chupa, que apetece saborear devagarinho.
Chamei-a, “vem chuva, vem!...”, e ela não se fez rogada. Veio lamber o alpendre de um lado ao outro, enquanto eu, com uma vassoura, a ajudava a poli-lo de um brilho molhado apetecível, removendo a sujidade à sua frente. De pés descalços na água morna, cabelo e roupa a escorrer, senti-me a brilhar mais do que o alpendre. Toda eu era riso por dentro e por fora, feliz por poder apalpar o Outono que me beijava.
Agora, depois de ter ouvido das boas da mãe e de mudar de roupa, olho-o da janela, de cara encostada ao vidro embaciado. O Outono e a chuva podem ser sonhos quentes que molham o rosto e embalam a alma. A mãe, sempre tão azeda e fria, sabe lá alguma coisa disso!
Chuva de Outono e cheiro a terra molhada ! Um texto interessante e muito bem escrito !
ResponderEliminarBom fim de semana
Belíssimo texto outonal. A chuva molha, certo, mas também lava a terra e alma de que sabe aceitar o que ele traz... e o que ela leva.
ResponderEliminarMuito belo!
Texto lindo, sempre uma narrativa a trazer vida dentro e recordações tão boas...
ResponderEliminarBeijo grande.
Bom dia Fá,
ResponderEliminarLindo e emocionante o seu texto!
Tanto me diz. Das primeiras chuvas, do cheio a terra molhada e ainda as "palavras frias" que ainda por vezes batem no meu coração.
Beijinhos e bom domingo.Ailime
em breves momentos, fui eu a protagonista.
ResponderEliminarmuito agradável de ler.
beij
Outono assim sabe bem! :)
ResponderEliminarbeijos
Adorei o teu texto, senti-me ali eu feliz da vida varrendo o alpendre e deliciando-me com o aroma da terra molhada...
ResponderEliminarBjs
As mães nunca sabem nada disto.
ResponderEliminareheheh...
Gostava de ter visto essa molha...
Mas gostei muito do texto, Menorzinha...
Tem um boa semana.
Beijinhos.
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ResponderEliminar.
. é sempre um prazer que me acrescenta . como o cheiro da terra molhada . do húmus profundo ainda que à superfície .
. o esplendor deste outono .
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. na fulgência da Sua escrita .
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. um beijo meu .
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Minha querida
ResponderEliminarE é tão bom o cheiro a terra molhada, fez-me lembrar o meu Alentejo e tive saudades de mim.
Como sempre um texto maravilhoso.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Sempre me impressionou a sensação de liberdade e pureza que vem no cheiro da terra molhada! Belo post, boa semana.
ResponderEliminarO outono, estação intermédia entre o calor e o frio. É assim como um apeadeiro de comboio: pouca gente a entrar e pouca gente a sair. Fica na ar o cheiro das folhas secas bailando num aviso de chuva fresca.
ResponderEliminarBelo pedaço de rotina de todos os dias
ResponderEliminar:-)
Bello texto :D
ResponderEliminarQue coisa bonita, Fá!
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